Roberto Kishinami
A convenção sobre Mudanças Climáticas, estabelecida pela ONU (organização das Nações Unidas) na Rio 92, entra em vigor em abril, com status de lei internacional. Por essa razão, foi realizada uma reunião em Berlim, entre 27 de março e 4 de abril, que reuniu centenas de representantes, governamentais e não-governamentais, dos mais de 60 países que já ratificaram ou assinaram este acordo na Primeira Reunião das Partes da Convenção.
Os preparativos da convenção foram “quentes”. Governos de peso - como o da Alemanha, da Holanda e da Dinamarca - aderiram às propostas defendidas pelo Greenpeace antes do estabelecimento da Convenção.
E os dados científicos mais recentes confirmam que o aquecimento global já está ocorrendo, trazendo conseqüências imprevisíveis para o clima do planeta. Há previsões de catástrofes: derretimento de geleiras e calotas polares, mudanças nos regimes de ventos e chuvas, penetração de climas tropicais em zonas temperadas etc. Cada mudança implica outras: aumento do nível do mar, com submersão de áreas habitadas e salinização de fontes de água potável, imprevisibilidade e perda de produção agrícola, aumento das áreas sujeitas a doenças tropicais etc.
Mas, qual é a causa de tudo isso?
Simples: o efeito estufa. Este efeito é um fenômeno natural e tem garantido as condições atmosféricas para o surgimento e evolução da vida. O fenômeno consiste na captura de radiação infravermelha por moléculas de ar. A radiação provém da luz solar absorvida e reemitida pela superfície do planeta. A principal molécula capaz de capturar esta radiação é o dióxido de carbono, ou gás carbônico, de fórmula química CO2.
Outros gases, como o metano são também gases-estufa.
Se o efeito estufa é um fenômeno natural, então qual é o problema?
O problema é que a nossa sociedade industrial contribuiu para aumentar a concentração dos gases-estufa na atmosfera. Exemplo: o CO2 estava presente na atmosfera de 1860 na proporção de 280 ppm (partes por milhão) e hoje em 360 ppm. O que produziu este aumento? Na quase totalidade, a queima de combustíveis fósseis -petróleo, carvão mineral e gás natural. Estas substâncias representam, em termos geológicos, trilhões de toneladas de carbono aprisionados por milhões de anos e que estão sendo agora lançados à atmosfera, na taxa de 1 bilhão de ton/ ano na forma de CO2. Esta quantidade está muito acima do que pode ser reabsorvida pelos processos naturais como a fotossíntese.
A ação humana, portanto, intensificou o efeito-estufa, gerando conseqüências imprevisíveis.
Imprevisibilidade e probabilidade lembram jogo. Neste caso, nós, jogadores, só podemos perder. A única maneira de aumentarmos as nossas chances é consumir menos agora, e daqui a pouco nenhum combustível fóssil.
A disputa na reunião de Berlim era previsível. De um lado, empresas e governos defensores dos combustíveis fósseis, resistindo a qualquer compromisso sério de redução das emissões de gases-estufa. De outro lado, governos conscientes, organizações não-governamentais como o Greenpeace, e, também, empresas competidoras dos combustíveis fósseis, propondo a redução de 20% do consumo atual até o ano 2005. Selado este compromisso, quem ganha a disputa? Todos. Porque não há outra forma de garantir um futuro para as próximas gerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário