terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Greenpeace Denúncia- Destruição do Ozônio Desafia Tratados

A industria química resiste à adoção de soluções que evitem emissão de CFC, mas as alternativas existem, como mostra a “geladeira verde” (Greenfrezer), que, lançada na Alemanha em 1993, é sucesso no mercado europeu.
ROBERTO KISHINAMI
 A época do surgimento dos grandes tratados ambientais internacionais. Esta é a maneira como os habitantes do próximo século poderão avaliar os tempos que vivemos hoje. Os tratados internacionais de preservação das espécies (focas, baleias,ursos etc.), de proteção de ecossistemas regionais (Antártida) e da atmosfera (Protocolo de Montreal e Convenção de Mudanças Climáticas), refletem uma consciência crescente dos danos ao meio ambiente global provocados pelas atividades humanas.
Mas ainda não temos a garantia de que o meio ambiente está preservado para o futuro. Por que?
Entre outras razões, porque nem sempre as soluções estão disponíveis. Mesmo nos casos em que as soluções estão tecnicamente identificadas, elas nem sempre são adotadas. O Protocolo de Montreal é um exemplo. O Protocolo de Montreal é um acordo internacional para a proteção da camada de ozônio da atmosfera. Dois fatos são conhecidos há cerca de quatro décadas: primeiro que o ozônio (molécula formada por três átomos de oxigênio), relativamente abundante na atmosfera, atua como um escudo para a radiação solar na faixa do ultravioleta B. Segundo, sabe-se que esta faixa de radiação é capaz de induzir a alterações somáticas e genéticas em seres vivos.
O que motivou o protocolo foi a descoberta de que o ozônio estratosférico diminui drasticamente todos os anos na região antártica, entre o final do inverno e o início da primavera. Esta descoberta, na primeira metade da década de 1970, somou-se ao estudo que apontava o papel de substancias halogenadas, os cloratos orgânicos do tipo CFC (clorofluorcarbono), como os de maior potencial destrutivo, devido às suas características químicas e seu comportamento físico na atmosfera.
Desde a primeira versão do Protocolo, em 1976, os estudos têm-se avolumado, tanto no que se refere ao comportamento do chamado “buraco de ozônio” (fenômeno cíclico), como o papel dos CFCs neste fenômeno. Os estudos mais recentes mostram que a destruição ocorre não só sobre a Antártida, mas sobre todo o planeta, embora em menor escala. A concentração de ozônio sobre a Antártida diminui 60% sobre uma área de mais de 20 milhões de Km2 (o equivalente a quatro Amazônias), no período mais crítico, enquanto no resto do planeta a diminuição varia de 5% a 15%.
A última versão do Protocolo estabelece uma eliminação completa da produção e do consumo de CFCs até dezembro de 1995, em todos os países cujo consumo per capta é maior do que 300 gramas por habitante/ano. Nos países de consumo específico maior (caso do Brasil) a eliminação poderá ocorrer até 10 anos depois.
A Greenpaece tem atuado na proteção da camada de ozônio desde antes da primeira versão do Protocolo de Montreal. Tem contribuído para soluções práticas que permitem essa proteção. Não só nas campanhas para eliminação do CFCs em usos domésticos (spray, isopor etc.), como também na promoção de equipamentos de refrigeração que funcionem ou sejam construídos sem os CFCs.
O principal exemplo é a “geladeira verde” (“Greenfreezer”), o primeiro modelo de geladeira no mundo que não causa destruição da camada de ozônio. Num processo impulsionado pela Greenpaece, a geladeira verde foi lançada no ano passado na Alemanha, e no final deste ano já estará dominando cerca de 80% do mercado europeu de refrigeradores. O circuito de refrigeração e o isolamento térmico da geladeira verde substituem os CFCs por hidrocarbonetos simples, inofensivos à camada de ozônio e com impacto quase desprezível na produção do efeito estufa.
A indústria química tem apresentado “alternativas” ao CFC que, além de continuar destruindo a camada de ozônio (ainda que em menor escala), são potentes gases-estufa. As duas principais substâncias propostas pelas indústrias químicas para substituir os CFC são os HCFC (hidroclorofluorcarbono) e o HFC (hidrofluorcarbono). O primeiro continua a destruir a camada de ozônio; o segundo não destrói a camada de ozônio por não conter cloro, mas é 3100 vezes mais potente que o CO2 na produção do efeito estufa.
Meio e o Homem -Mortais segredos das selvas
Alguns dos mais importantes conflitos regionais do pós -Guerra ocorreram em regiões recobertas por densas matas. Áreas com essas características localizam-se por exemplo, na América Central (istmo e Antilhas), na América do Sul (Amazônia), regiões centrais da África (Congo) e trechos do sul e sudeste asiáticos.
No sudeste Asiático, especialmente na península da Indochina (Laos, Camboja, Vietnã), a ocorrência de matas fechadas foi decisiva na definição de táticas de luta. As guerras da Indochina (1946/54, entre vietnamitas e franceses) e Vietnã (1961/75, entre americanos e guerrilheiros vietnamitas, vietcongs) ilustram o fato.
Na América Latina, a revolução cubana (1959/61) e a sandinista na Nicarágua (1979) tiveram seu foco inicial em regiões montanhosas e recobertas por densas matas. Aliás, o êxito da revolução cubana levou setores da esquerda da América Latina a tentarem “imitar” exemplo. Um dos mais próximos colaboradores de Fidel Castro, o médico argentino Ernesto “Che” Guevara, morreu nas selvas da Bolívia em 1967, quando ali tentava criar um foco guerrilheiro.
Nas regiões de matas tropicais e equatoriais, a umidade relativa do ar, chuvas intensas e constantes, as altas copas das árvores e a vegetação disposta em andares bloqueiam a penetração do sol e a possibilidade de uma orientação mais eficiente.
Insetos – moscas, formigas, aranhas e mosquitos –e répteis tornam a vida desconfortável e perigosa.
Os vietcongs usavam árvores e bambus para a confecção de armadilhas. Como florestas serviam de refúgio, os americanos utilizaram intensivamente desfolhantes químicos, como o agente laranja, destruindo cerca de 40% das antigas florestas do Vietnã do Sul. Em face dos desafios da selva, governos criaram escolas de treinamento de soldados, em particular o americano, após a derrota no Vietnã. Muitos dos cursos de sobrevivência na selva ministrados nos EUA são baseados na experiência do tenente-coronel James R. Nowe, que passou cinco anos prisioneiro no Vietnã e só escapou após quatro tentativas de fuga.
Ferimentos, fome, sede, cansaço atestam que apenas coragem não é suficiente para sobreviver. A selva não é neutra. Ela costuma transformar alguns de seus “visitantes temporários” em “moradores permanentes”.
Roberto Kishinami é coordenador da Campanha de Mudanças Climáticas da Greenpaece no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário