quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Razão de Estado x Direitos Universais

ABC da barbárie na Bósnia
A antiga Iugoslávia sempre foi um mosaico de povos. A grande heterogeniedade étnica do país ocorria de forma mais evidente na Bósnia, conhecida como Iugoslávia em miniatura.
Na Bósnia, os muçulmanos eram cerca de  42% da população, os sérvios 32% e os croatas 18%, segundo o recenseamento de 1991. Apesar do predomínio de cada um desses  grupos étnicos em algumas regiões, em geral havia quase uma certa representação, mínima que fosse, das outras comunidades étnicas. Ademais, um número expressivo de pessoas se designava única e exclusivamente iugoslavos, até porque existiam numerosas famílias mistas. Na Croácia, a minoria mais expressiva era representada pelos sérvios (cerca de 11% da população total), concentrados sobretudo na área de Krajina, região localizada junto às fronteiras da Bósnia.
Era esse o panorama étnico da região, quando a Iugoslávia começou a se desintegrar, em 1991.
Bósnia livre e independente -bradavam muçulmanos e croatas quando da realização, em março de 1992, de um plebiscito que definiria os destinos do país no contexto de uma Iugoslávia em frangalhos.
Enquanto isso, os sérvios da Bósnia, que haviam se recusado a participar do plebiscito, passavam a cumprir suas ameaças de ir a guerra, caso ganhasse a tese separatista. Desde a ocorrência desses fatos, o que se presenciou foi uma barbárie sem fim.
Utilizando-se do expediente da “limpeza étnica”, e valendo-se de sua superioridade em armamentos, os sérvios abocanharam cerca de 70% do território da Bósnia. Muçulmanos e croatas que, em certos momentos chegaram a lutar entre si, promovendo inclusive mútuas “limpezas étnicas”, acabaram por configurar uma federação que ficou com o restante do território .
Contabilidade macabra do conflito até o início de 1995: 200 mil mortos, mais de 700 mil feridos e cerca de 2,5 milhões de refugiados.
Croácia invade Krajina, anunciava numa de suas manchetes o jornal O Estado de S. Paulo de 05 de agosto; era mais um capítulo da sangrenta carnificina.
No início de maio, o exército da Croácia retomava a região da Eslavônia Oriental, que estava nas mãos da minoria sérvia desde 1991. Esse fato foi como uma senha para que os sérvios da Bósnia intensificassem seus ataques sobre as áreas de segurança mantidas pela ONU em torno das cidades de Sarajevo, Gorazde, Tuzla, Zepa, Srebrenica e Bihac (v. mapa acima) Em junho e julho, duas dessas cidades (Srebrenica e Zepa) cairam em poder dos sérvios.
No final de julho, o exército da Croácia lançou uma grande ofensiva para impedir a queda de Bihac, cercada pelos sérvios da Bósnia e de Krajina . A estratégia das forças croatas mostrou que mais que ajudar seus aliados na Bósnia, o governo de Zagreb estava interessado em recuperar toda a Krajina. Em 6 de agosto, caia Knin, a capital da república sérvia de Krajina. No dia seguinte, toda Krajina cairia sob poder da Croácia.
Boletim Mundo Ano 3 n° 4

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