Ruy de Goes
Neste ano, em que se cumpre o 50º aniversário da bomba de Hiroxima (em 6 de agosto), o governo francês anunciou a intenção de realizar novos testes nucleares, rompendo uma moratória acordada pelas potências nucleares em 1992. Seriam 8 explosões nucleares nos atóis de Moruroa e Fangataufa, colônias francesas no Pacífico Sul. A decisão, anunciada em maio pelo recém-eleito presidente Jacques Chirac, provocou protestos em todo o mundo. Por um lado, a iniciativa francesa ocorre no momento em que se buscam novos compromissos rumo ao desmantelamento dos arsenais nucleares globais; por outro, aponta-se o risco de contaminação nuclear do oceano, causada pelos perigosos elementos radioativos produzidos pela bomba nuclear.
Mais de 170 testes atômicos já foram realizados nos dois atóis (entre 1960 e 1991, a França detonou 204 bombas em testes). O núcleo dos atóis transformou-se num imenso depósito de lixo atômico totalmente sem controle e com poder radioativo muitas vezes superior ao do acidente de Chernobyl. A estrutura dos atóis é de basalto, com ocorrência de fissuras, o que indica a possibilidade de vazamento do material radioativo, constatou a missão científica Tazieff, de 1982. Segundo outra missão, a Atkinson, a continuação dos testes aumenta a possibilidade de vazamento do material radioativo.
Em 1987, o cinegrafista Jacques Cousteau encontrou enormes Em claro indício de que teme a ação do Greenpeace, o governo francês declarou, no final de julho, que não divulgaria a data exata para a realização dos testes nucleares. Há uma boa razão para a cautela. Numa situação semelhante à atual, em 10 de julho de 1985, agentes secretos franceses afundaram outro navio do Greenpeace, também chamado Rainbow Warrior, que estava aportado em Auckland, Nova Zelândia, causando um escândalo internacional. Paris aprendeu a lição, mas pela metade.
Boletim Mundo Ano 3 n° 4
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