quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

BRASIL, O “LANTERNINHA” (NÃO SÓ) DA AMÉRICA DO SUL

O governo Lula festeja aquilo que apresenta como seu “sucesso econômico”. O presidente não chega a repetir a expressão “espetáculo do crescimento”, que inadvertidamente cunhou em 2004, mas não se cansa de repetir que o futuro já chegou.
Não é o que revelam as estatísticas.
Segundo a ONU, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2005 foi da ordem de 2,5%. Esse resultado é o mais baixo de toda a América do Sul. O crescimento do PIB brasileiro foi também bastante inferior ao incremento médio registrado no conjunto da América Latina e Caribe. Só o Haiti, ironicamente o país onde o Brasil lidera uma força militar das Nações Unidas, ficou atrás. A expansão do PIB brasileiro foi também a menor entre todos os chamados “países emergentes”.
Na América do Sul, aqueles que obtiveram os melhores resultados em 2005 foram Venezuela (9,0%), o mais novo integrante do Mercosul, e Argentina (8,6%), que vive há alguns anos um verdadeiro “espetáculo do crescimento.
A Venezuela se beneficiou do grande aumento dos preços internacionais do petróleo, matéria-prima energética da qual o país é um dos grandes exportadores mundiais. Quanto à Argentina, deve-se levar em consideração que os números positivos do PIB partiram de uma base muito baixa, em virtude da profunda crise econômica verificada entre 1999 e 2002. Naqueles quatro anos, a Argentina apresentou sucessivas variações negativas do PIB, sendo que, em 2002, a queda foi da ordem de 11,0%.
O baixo crescimento do PIB brasileiro afeta bastante as médias de expansão do PIB na América Latina. Basta dizer que Argentina e Venezuela produzem, juntas, cerca de 12% das riquezas latino-americanas, enquanto o Brasil representa, sozinho, cerca de 27% do PIB regional. Usando o método tradicional de cálculo do PIB (em dólares correntes), na América Latina só o México possui PIB um pouco superior ao brasileiro. Porém, usando o método mais confiável, da paridade do poder de compra, o Brasil apresenta PIB significativamente maior que o mexicano.
Mesmo com desempenho médio inferior ao das outras regiões do mundo, a América Latina vem, há três anos, apresentando um período de contínuo crescimento. As previsões da ONU para 2006 estimam expansão do PIB da América Latina de 4,1%. Esse crescimento será puxado, novamente, pelo incremento das exportações direcionadas à Ásia, especialmente para China. Segundo essas previsões, em 2006 o Brasil crescerá cerca de 3,0%, pouco abaixo da média mundial (3,3%), mas bastante abaixo do grupo de “países emergentes” (4,9%). Não haverá, portanto, “espetáculo do crescimento”.
No âmbito da América do Sul, Argentina, Chile e Venezuela, as três principais economias após a brasileira, experimentarão crescimento bem superior, em torno de 5,5%. Num campeonato de futebol, o Brasil estaria a caminho da segunda divisão.
Boletim Mundo n° 1 Ano 14

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