A Escola de Comunicações e Artes da USP decidiu não aplicar o exame de Geografia na 2ª fase do vestibular. Assim, os candidatos ao curso de jornalismo da ECA-USP só serão avaliados em Geografia pelos testes constantes na prova unificada da 1ª fase da FUVEST. A medida é espantosa face a um mundo marcado por conflitos étnicos e movimentos migratórios (Geografia Humana), alterações de fronteira (Cartografia e Geografia Política), guerras nas quais as condições do relevo e o clima tem importância crucial (Geografia da Natureza) e pela perplexidade diante da chamada Nova Ordem Mundial (Geopolítica).
A única justificativa para a existência da ECA é a necessidade social que tem o país de formar profissionais capazes de combinar um saber sistemático sobre fenômenos políticos, sociais, culturais e artísticos com a capacidade de comunicá-lo a um público amplo e, não raro, leigo. Abolir a Geografia (!!!) implica um movimento contrário a isso tudo. Reflete a concepção míope, colonizada e provinciana encontrada na imprensa diária brasileira, que nos últimos anos fez praticamente desaparecer de suas páginas as notícias internacionais (como se o mundo “lá fora” não nos dissesse respeito).
A Redação do Mundo – aliás, composta por geógrafos e jornalistas – torce para que a ECA mude sua posição. Que ela, sempre tão zelosa na defesa do diploma para prática do jornalismo, adote uma perspectiva menos jurídico corporativista da profissão, e mais preocupada com a boa formação de seus alunos. Qualquer cidadão tem o direito de exigir isso da escola de comunicação da mais importante Universidade do país.
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