quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Editorial- Vestibular

Há Algo de assustador no Vestibular: saberemos, finalmente, se somos ou não capazes de realizar um desejo (a menos que nos tenham imposto um caminho indesejável, fazendo da prova um ritual sem sentido). No Vestibular, temos que enfrentar um princípio de realidade: outro, com pleno direito, disputa a “nossa” vaga. Mas quem é mais merecedor? Quem define os critérios?
O Vestibular é a denúncia da desigualdade. Vence, em geral, quem teve mais tempo para estudar, e quem pôde pagar os melhores cursos preparatórios. Outros fatores influem: ambiente familiar, paz de espírito no período de preparação, equilíbrio psicológico na hora da prova. Além disso, nem sempre critérios refletem capacidades. O fato de alguém ter feito mais pontos não significa, necessariamente, que estará mais apto do que o concorrente. Pense nisso, se você vai tentar o Vestibular. Relativize sua importância. Situe o lugar concreto que a prova vai ter na sua vida.
Se você não passar, não exagere na tristeza. Reflita com calma sobre as causas da “derrota”. Talvez você até se dê conta de que o melhor para você não é continuar os estudos na universidade. E daí? Se, ao contrário, você for aprovado, parabéns. Mas saiba que é só o começo. Você ainda terá que refletir, no futuro, sobre se você fez mesmo a melhor opção. Talvez Medicina seja melhor do que Arquitetura. Você terá coragem, então, para começar de novo?
ANISTIA INFORMA
Nesta seção, Mundo divulga relatórios da Anistia Internacional sobre o comportamento dos países em relação aos Direitos Humanos.
Caso você tenha dúvidas, queira saber mais, ou pretenda participar da AI, anote o endereço:
* em São Paulo: Rua Vicente Leporace, 833 CEP 04619-032 fone: (011) 542-9819
Quatro anos depois do massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial, a China volta a concentrar as atenções da comunidade internacional. Mas, em vez da saraivada de críticas de 1989, recebe elogios gerais pela aceleração das reformas econômicas. A atividade fervilhante das Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) – as regiões do litoral sudeste abertas aos investimentos estrangeiros – atesta a integração com o macro – área da Bacia do Pacífico. Hong Kong, colônia britânica que retornará ao controle chinês em 1997, funciona como a principal ponte entre a China e o conjunto de economias industriais do leste asiático.
O mundo ocidental emite sinais evidentes de aprovação da estratégia chinesa, que combina o liberalismo econômico das ZEEs com o dirigismo totalitário do PC. O Japão, pólo irradiador dos investimentos na macro-área, está na vanguarda das iniciativas destinadas a consolidar um ambiente diplomático favorável para a cúpula chinesa.
As recentes eleições japonesas derrotaram o Partido Liberal Democrático, no governo há décadas. O novo governo, preocupado em definir uma política externa mais afirmativa, tomou a iniciativa de expressar as desculpas de Tóquio pelo expansionismo japonês do período anterior à 2ª Guerra.
Os “ desaparecimentos” e execuções políticas são, atualmente, a maior ameaça aos Direitos Humanos em todo o mundo.
O relatório anual da AI de 1992 constatou que em 45 países foram praticados assassinatos de opositores e membros de minorias étnicas. Pelo menos 1.270 pessoas “desapareceram” em 20 países após terem sido presas pela polícia. Em pelo menos 29 países não foram suficientemente esclarecidos os “desaparecimentos” de centenas de indivíduos. Tudo leva a crer que nos anos 90 as execuções extrajudiciais (por “esquadrões da morte”) e os “desaparecimentos” serão os meios preferidos por dezenas de governos para eliminar opositores, líderes de minorias étnicas e pessoas consideradas socialmente indesejáveis ou inconvenientes. Diante desse quadro, a AI resolveu lançar a campanha mundial intitulada “Vidas por Detrás das Mentiras” (“Lives Behind Lies”), e pede que os interessados participem, enviando cartas aos governos exigindo o fim dessa prática. Maiores informações podem ser obtidas junto à seção brasileira da AI .
Meu pai é sérvio, minha mãe católica, minha mulher muçulmana. E então, meus filhos o que são?
(Nikifor Simsic, jornalista de Sarajevo, da equipe da rádio Brod, que transmite de um barco no Adriático para a Iugoslávia, O Estado de S. Paulo, 29.ago.1993, p.16)
A indagação realça o absurdo da guerra étnica na antiga Iugoslávia e reflete o espírito ecumênico da rádio Brod, única fonte iugoslava que procura transmitir informações independentes sobre o conflito interminável.

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