José Arbex Jr.
No dia 3 de dezembro de 1991, os presidentes da Rússia, Belarus (antiga Bielorrússia) e Ucrânia decretavam o fim da União Soviética e lançavam as bases para a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI). Em seguida, as demais repúblicas que compunham a União Soviética (com exceção da Geórgia e dos três Estados do Báltico, Estônia, Letônia e Lituânia) aderiram à Comunidade.
Um ano depois, o futuro da CEI configura-se incerto.
Economicamente, a queda do Produto Interno Bruto (PIB, soma total das riquezas produzidas) foi generalizada para todos os Estados integrantes da Comunidade (variando de 12% a 30%). A queda dos salários variou de 10% a 50%.
A passagem de uma economia centralizada para uma economia de mercado está cobrando um alto preço para as populações da CEI. Muitos já sentem saudades dos “bons tempos” do comunismo.
Outro aspecto a ser destacado refere-se aos conflitos envolvendo povos, etnias e nacionalidades da ex-URSS. Com a criação da CEI, estes conflitos não deixaram de existir. Ao contrário, se ampliaram, especialmente nas regiões do Cáucaso e da Ásia Central.
Na Ásia central, localizam-se as repúblicas muçulmanas do Casaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Quirguistão. Como suas fronteiras não foram bem definidas historicamente, são disputadas por um mosaico de dezenas de povos que habitam a região há séculos ou milênios. É o que vem acontecendo junto às fronteiras do Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão.
ISLÂMICOS TENTAM TOMAR O PODER
O fim do comunismo também deixou seqüelas não resolvidas em relação, por exemplo, à questão religiosa, durante décadas reprimida. O Tadjiquistão virtualmente implodiu, como conseqüência dos conflitos que, em 1992, opuseram dirigentes do antigo regime (ex-líderes comunistas que venceram eleições diretas) aos líderes nacionalistas -religiosos.
Fora isso, existem na região importantes minorias de origem russa, e contingentes de tropas do antigo Exército Vermelho que ainda não puderam ser retiradas. Para complicar ainda mais o xadrez político regional, o fundamentalismo islâmico-iraniano, a caótica situação interna do Afeganistão e as afinidades históricas e culturais entre os povos da Ásia Central e a Turquia agem como força de desagregação política, ao mesmo tempo em que as intenções da CEI e, especialmente da Rússia, atuam no sentido inverso.
Estão aí ingredientes que poderão levar a Ásia Central a conflitos que ultrapassarão em muito as fronteiras da região.
Pa r a G o r b a t chov, d e m o c r a c i a e j u s t i ç a s o c i a l d e v e m s e r a prioridade
de q u a l q u e r i d e o l o g i a o u s i s t e m a
Nenhum comentário:
Postar um comentário