No final de janeiro, as autoridades portuguesas impediram a entrada de vários brasileiros em Portugal, sob a alegação que iriam procurar emprego ilegalmente naquele país. Os incidentes geraram reações iradas, permeadas pelo amargo sentimento deixado por um passado colonial.
Mas – para além das reações emocionais, que nada explicam o rigor do governo português apenas refletia a situação criada na Europa-93.
Portugal é uma espécie de “primo pobre” da comunidade dos doze, quase que apenas tolerado pelos mais ricos. Nesta condição, tem todo o interesse em respeitar, estritamente, as regras do jogo, o que implica limitar o acesso de imigrantes.
Nesse sentido, os brasileiros representavam uma “ameaça”.
Além de oferecer seus próprios atrativos para brasileiros desempregados ou aventureiros, Portugal corria o risco de tornar-se numa espécie de “porta de entrada” de brasileiros para outros países da CEE.
O Brasil é o primo pobre do primo pobre. Daí a necessidade de Portugal “endurecer” a política de controle de portos, mesmo que isso pudesse custar um distanciamento entre os dois países.
Não se trata, aqui, de pretender “justificar” a atitude francamente despótica do governo português. Afinal, o episódio apenas mostra mais uma vez que a Europa dos Doze mais se assemelha a uma fortaleza “assaltada por bárbaros” do que o “mercado livre” com que os mais eufóricos sonhavam.
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