terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Greenpeace- Poluição mata

Roberto Kishinami
Na América Latina estão as cidades de maior índice de poluição do ar em todo o mundo. Em todas elas, as principais fontes de poluição são os autos particulares que transportam, em média, menos de dois passageiros por viagem.
A campeã mundial de poluição do ar é, sem sombra de dúvida, a Cidade do México. Ali, há um programa oficial (chamado “hoy no circula”) em que os carros deixam de circular em determinados dias da semana, através de sistema de rodízio. O programa ocorre durante todo o ano e baseia-se nos números finais das placas. O programa mexicano não obteve sucesso: continuam ocorrendo dias em que a poluição é tão severa que as atividades de escolas, governo e indústrias são suspensas até que a poluição volte aos níveis considerados aceitáveis. A Cidade do México tem 20 milhões de habitantes e uma frota circulante de 3 milhões de automóveis.
A cidade de São Paulo não fica atrás na poluição do seu ar. São 10 milhões de habitantes e uma frota de 3 milhões de automóveis. A concentração de substâncias tóxicas no ar é pior na Cidade do México, por causa de sua geografia: está cercada de montanhas, o que dificulta a dispersão pelos ventos. Estudos da Faculdade de Medicina da USP, sobre a mortalidade por doenças do sistema respiratório, mostram uma correlação muito forte entre o aumento dos índices de poluição e da mortalidade de crianças e idosos.
Os mesmos estudos mostram que a correlação é mais forte por particulados no caso dos idosos, enquanto a mortalidade de crianças está estatisticamente correlacionada aos índices de óxido de nitrogênio.
Quem já não sofreu a experiência de passar o dia com os olhos ardendo, as narinas e a garganta irritadas, a cabeça doendo? Quem mora em São Paulo sabe que tudo isso é causado pela poluição do ar. Sabe também que os congestionamentos, o ruído dos veículos, a fuligem preta dos caminhões, a cor cinzenta dos edifícios, a chuva ácida etc. são as principais marcas da metrópole.
Qual a solução? Em todo mundo, duas direções opostas têm sido tentadas. Uma, o aumento do transporte coletivo e público, juntamente à inibição do uso de carros particulares e individuais. Outra, a construção de complexas obras viárias para aumentar a velocidade de circulação dos carros, na esperança de que menor tempo de viagem resulte em menor poluição.
Entre as duas, a primeira orientação tem alcançado melhores resultados e seu exemplo mais completo é a cidade de Curitiba (PR), tida como exemplo de planejamento urbano. Na segunda alternativa, pode-se citar São Paulo, onde os investimentos em obras viárias consumiram quase R$ 1 bilhão, segundo dados oficiais, ao passo que o investimento em novas alternativas de transporte público não chegaram  a 10% deste valor.
Boletim Mundo Ano 4 n° 1

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