terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Guerra pela água, uma questão do século XXI

Nelson Bacic Olic
Nos próximos anos, a obtenção de água para consumo passará a se constituir em problema geopolítico de primeira grandeza. Se as guerras do século XX tiveram como causas principais as diferenças ideológicas, religiosas, políticas e econômicas, as do século XXI, poderão ser causadas também pela escassez de água. Isso já vem assumindo contornos dramáticos na Ásia Central e Oriente Médio, onde a água é naturalmente escassa.
Os últimos acordos de Israel com jordanianos e palestinos têm contemplado itens que se referem à partilha de recursos hídricos da bacia do rio Jordão. As “intermináveis” negociações entre os governos sírio e israelense têm esbarrado no problema do controle de afluentes do Jordão, cujas nascentes se localizam nas colinas de Golã, território conquistado por Israel à Síria na Guerra dos Seis Dias (1967).
Atualmente, cerca de 250 milhões de pessoas em 26 países enfrentam faltas  constante de água. Por volta de 2020, esse problema atingirá cerca de 3 bilhões de pessoas em mais de 50 países; quase 8 bilhões habitarão o planeta, a maioria vivendo em aglomerações urbanas. Com isso, crescerá a demanda por mais comida e energia. Com base no que já acontece hoje, parte expressiva dos recursos hídricos continuarão comprometidos pelos danos causados pela ação humana ao meio ambiente, especialmente no que se refere à poluição e desmatamento. Um complicador a mais será o acirramento da disputa entre o consumo doméstico, industrial e agrícola pelo uso da água.
Uma das principais fontes de obtenção de água para consumo são os rios. Alguns países dependem quase em 100% dos recursos hídricos, como o Egito em relação ao Nilo; a bacia do rio Jordão fornece 60% da água consumida em Israel e supre cerca de 75% das necessidades da Jordânia.
Das 214 grandes bacias hidrográficas do mundo, 75% têm áreas compartilhadas por dois países e 25% delas por grupos de três até 10 países. Como não existe uma legislação internacional clara sobre o assunto, são raros os casos em que países estabelecem acordos de utilização de recursos hídricos comuns. Por conta disso, podem ser identificadas no mundo dezenas de áreas potencialmente “hidro conflitivas”.
Boletim Mundo Ano 4 n° 1

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