No pós-guerra, o Brasil viveu a fase da industrialização acelerada.
Durante três décadas, sob o impacto dos ciclos de forte crescimento do governo Juscelino Kubitschek (1956- 61) e do chamado “milagre brasileiro” (1968-74), o país rompeu a lógica do modelo agroexportador. A industrialização desenvolveu-se por meio da substituição de importações, ou seja, da produção interna de manufaturados que eram, antes, importados.
A substituição de importações revolucionou as relações do Brasil com a economia mundial. Sob o ângulo dos fluxos de capitais, a economia nacional aumentou o seu grau de integração com a economia mundial, pela ampliação dos investimentos produtivos diretos no país. Sob o ângulo dos fluxos de mercadorias, a economia nacional reduziu o seu grau de integração com a economia mundial, pois o mercado externo perdeu a posição dominante que ocupava no modelo agroexportador.
O mercado interno – protegido por uma teia de medidas tarifárias e cambiais - tornou-se o motor do crescimento econômico nacional. Atrás do escudo do protecionismo, delineou-se uma estrutura industrial fundamentada em uma tríplice aliança. As corporações transnacionais dominaram o setor de bens de consumo duráveis.
As empresas estatais multiplicaram-se no setor da indústria de base.
O capital privado nacional encontrou o seu nicho no setor de bens de consumo não-duráveis.
Do ponto de vista geográfico, nasceram e se consolidaram os pólos industriais do Sudeste (as regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, o Vale do Paraíba, a Baixada Santista, o Vale do Aço mineiro), do Sul (a região metropolitana de Porto Alegre, a Serra Gaúcha, o Vale do Itajaí, o eixo Curitiba- Ponta Grossa) e do Nordeste (as regiões metropolitanas de Salvador, Recife e Fortaleza). No meio da Amazônia, a golpes de incentivos, nasceu a Zona Franca de Manaus. O êxodo rural, aliado ao intenso crescimento vegetativo, forneceram em abundância a mão de obra barata que sustentou a arrancada modernizante.
O processo de industrialização por substituição de importações entrou em conflito com as mudanças estruturais em curso na economia mundial.
O seu esgotamento, sinalizado desde meados dos anos 70, completou-se nos anos 80, a chamada “década perdida”.
Os novos métodos de produção e gestão típicos da revolução tecno científica e os novos fluxos de investimentos internacionais estruturados pela globalização impuseram o desmantelamento das barreiras que cercavam o mercado interno.
Os governos Collor de Mello (1990-92) e Itamar Franco (1992-95) iniciaram, em meio a crises político institucionais, os chamados ajustes liberalizantes, envolvendo tanto o programa de privatização quanto a redução acelerada do protecionismo alfandegário.
Mas foi com Fernando Henrique Cardoso que se consolidou um novo modelo econômico, no qual se abdica dos antigos papéis cumpridos pelo Estado e se atribui ao capital privado a função de alavanca do crescimento.
Este Caderno Especial de Mundo enfoca os aspectos cruciais dessa mudança. Nas páginas centrais, as matérias analíticas abordam o comportamento da indústria instalada no país nesses tempos de globalização. Na contra- capa, uma bateria de questões de vestibular e propostas de trabalho com gráficos e mapa revelam as múltiplas formas de apreensão do problema à disposição das bancas examinadoras.
Boletim Mundo Ano 4 n° 6
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