quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tragédia de Tchernobyl faz dez anos

Nelson Bacic Olic
Durante a madrugada de 26 de abril de 1986, uma grande explosão aconteceu na usina nuclear de Tchernobyl, localizada no norte da Ucrânia junto à fronteira de Belarus. Esse acidente desencadeou uma tragédia cujas conseqüências, especialmente no que diz respeito aos seres humanos afetados pelo desastre, ainda não foram totalmente avaliadas.
A explosão aconteceu num dos quatro reatores devido a uma falha no sistema de refrigeração, destruiu parcialmente as instalações da usina e, no incêndio que se seguiu, houve liberação de uma nuvem carregada de materiais radioativos.
Esta nuvem, carregada por ventos de noroeste e oeste, atingiu, além de áreas da Ucrânia, territórios de Belarus, dos países bálticos, Polônia, Finlândia, Suécia e Noruega. Menos de uma semana depois, a radiação foi detectada na Áustria, Alemanha e República Tcheca .
Os números oficiais indicam que o acidente produziu 31 vítimas fatais, embora cientistas cheguem a afirmar que doenças causadas pela radiação emanada de Tchernobyl teriam matado dezenas de milhares de pessoas. A ocorrência  de doenças cancerígenas e outras correlatas aumentou significativamente na área afetada (cerca de 5 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde). Em Belarus, a incidência de câncer aumentou 70 vezes e o governo gasta 17% de seu orçamento para recuperar as áreas contaminadas do país.
Por ocasião do acidente, criticou-se muito a atitude do governo soviético de não ter avisado imediatamente os países vizinhos. Ao que parece,  as autoridades soviéticas de mais alto escalão só foram comunicadas 36 horas após a ocorrência da explosão e Moscou só confirmou oficialmente o acidente quase três dias depois.
O que aconteceu em Tchernobyl, veio reforçar as convicções das entidades ambientalistas que defendem o fim das usinas nucleares em todo o mundo. Até o conservador grupo dos países mais ricos do mundo , o chamado G-7, em reunião recente estabeleceu como um dos seus compromissos básicos, encerrar as atividades de Tchernobyl até o ano 2000.
O grande problema da desativação à curto prazo de usinas similares à ucraniana é que muitos países, especialmente do antigo Leste Europeu, têm parte considerável de seu consumo energético gerado por elas, como é o caso da Rússia (12%), Eslováquia (32%), Bulgária (35%),Hungria (50%) e Lituânia (80%).
Ao que tudo indica,  o problema do desmantelamento das usinas nucleares ainda deverá se arrastar por um longo tempo, quem sabe até uma outra catástrofe.
Boletim Mundo Ano 4 n° 3

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