Em 19 de abril, agentes do FBI (Polícia Federal americana) usaram tanques contra uma seita se fanáticos armados com pistolas e granadas, numa fazenda em Waco, Texas. Por razões ainda obscuras, a casa ocupada pela seita pegou fogo.
Morreram 87 das 95 pessoas, incluindo 17 crianças e o líder David Koresh. O governo tentou explicar-se, lançando até a versão de um suposto “suicídio coletivo” da seita. Em vão: nada justifica lançar tanque contra cidadãos.
Em Waco, uma polícia embriagada de poder espalhou morte e destruição. Nesse sentido, há forte semelhança com o massacre praticado na Casa de Detenção de Carandiru, SP, onde 111 seres humanos foram fuzilados pela PM, enquanto candidatos à Prefeitura prometiam, na TV, o melhor dos mundos.
O choque entre os direitos dos cidadãos e o poder de Estado é uma das características centrais da história moderna nada de “novo”, portanto, em Waco e Carandiru. O trágico – para além da contabilidade dos corpos-, é o fato de que o fim da Guerra Fria e o das ditaduras não eliminou o fantasma da barbárie, como imaginavam os otimistas.
Mas o terror de Estado não é externo ao Homem, não vem de Marte. Apóia-se, por exemplo, nos partidários do neonazismo, da “purificação étnica” na ex-Iugoslávia, do racismo. Não basta “culpar” o Estado. É preciso rejeitar a barbárie –como em 1968, ou como os cara- pintadas contra Collor. É uma História sem fim, feita como os seres humanos de tragédias e de seu oposto, a busca da paz.
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