terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pobreza Meridional Resistiu à Unificação

O Mezzogiorno é a parte meridional da Itália, que corresponde aos limites do antigo Reino das Duas  Sicílias.  Ali, onde a pobreza atinge 26% da população (contra menos de 10% no centro e norte do país) oculta-se  o poder das máfias.
Nos anos 20, ao escrever sobre a “questão meridional”, o comunista Antonio Gramsci lançou tese de que o atraso do Mezzogiorno era fruto da Unificação elitista da Itália. Ele propunha um novo Risorgimento –a aliança entre operários do norte e camponeses do sul para fazer a unidade socialista da nação Mussolini, que jogou no cárcere onde morreria, buscava a unidade à sombra do Estado totalitário e expansionista.
O Risorgimento fora o prelúdio da Unificação.
Em 1848-49, eclodiam lutas nos Estados do Norte, dominados pela Áustria desde o Congresso de Viena (1815). Quando a revolta radicalizou-se, ganhou substância popular e ameaçou os Estados Pontifícios, as elites do Piemonte  abandonaram o movimento e permitiram sua liquidação.
Na Unificação (1860-71), os nacionalistas dividiam-se em duas vertentes:
os monarquistas, liderados pelo rei do POBREZA MEREDIONAL RESISTIU À UNIFICAÇÃO Piemonte, Vitório Emanuel II, e os republicanos, organizados por Garibaldi e Mazzini.
Os monarquistas lutaram contra a Áustria, no norte e no centro, recorrendo à ajuda primeiro da França e depois da  Prússia. Os republicanos apelaram ao povo das Duas Sicílias, onde conduziram a insurreição vitoriosa.
Em Aspromonte, no extremo sul, os piemonteses atacaram Garibaldi, em 1862. A Unificação completou-se em 1871, com a tomada dos Estados Pontifícios e a proclamação de Roma a nova capital.
Garibaldi afastara-se, para não dividir o movimento. As elites do Piemonte negociaram a unidade do país com os poderosos do sul. As terras do Mezzogiorno, parceladas e leiloadas, foram adquiridas pelos ricos, recompondo os latifúndios. Como escreveu Tomaso di  Lampedusa, “para que tudo permaneça como está, é preciso antes que tudo se transforme”.
A natureza elitista da unidade italiana alargou a fenda entre o norte e o sul.
A miséria meridional gerou a última grande leva migratória do século XIX, dirigida ao Brasil e Estados Unidos, e redefiniu o caráter da Máfia, Camorra e Cosa Nostra, que criaram um poder paralelo.
O Mezzogiorno tornou-se fonte de mão de obra barata e de votos para os políticos de Roma. O fascismo enraizou-se no sul, enquanto o norte organizava a Resistência. O desembarque aliado na Sicília (1943) não encontrou apoio popular, mas teve nos grupos mafiosos uma azeitada rede logística. Em 1946, no referendo que criou a República (12,7 milhões de votos contra 10,7 milhões para a Monarquia), o Mezzogiorno preferiu o lado derrotado.

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