domingo, 9 de janeiro de 2011

A Guerra Fria Renasce na Península Coreana

Suspeita de que a Coréia do Norte (comunista) tenha a bomba A colocou em alerta os 36 mil soldados americanos baseados na Coréia do Sul
Como um Fênix que renasce da cinzas, a Guerra Fria fez sua reaparição na península coreana como nos áureos tempos. No final de março, o fantasma de um novo confronto militar entre as duas Coréias passou a ser encarado como possível, depois que os norte coreanos negaram a permissão para que fiscais da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) tivessem acesso a instalações suspeitas de estarem fabricando armas nucleares.
Em 21 de março, o Conselho da Aiea resolveu dar um ultimato ao governo da Coréia do Norte para que permitisse a inspeção completa de suas instalações senão o país poderia ficar sujeito a  sanções internacionais. A Aiea colocou também o caso para o Conselho de Segurança da ONU para que determinasse as eventuais sanções.
Em seguida, o presidente Clinton anunciou que enviaria mísseis defensivos Patriots (os mesmos usados na Guerra do Golfo) que seriam  instalados em torno de Seul, capital da Coréia do Sul e que dista menos de 50 km. da fronteira comum entre os dois países. O governo norte-americano decidiu também que as manobras conjuntas entre os EUA e a Coréia do Sul, suspensas em 1993, poderiam ser retomadas inclusive com o aumento de efetivos militares (atualmente existem  cerca de 36 mil soldados americanos na Coréia do Sul).
A história da península coreana nos últimos 40 anos foi marcada por um grande conflito e tensões permanentes. A Guerra da Coréia (1950-53), foi decorrência da aplicação da Doutrina Truman (que visava a contenção do avanço comunista no mundo) e da chegada dos comunistas ao poder na China, em 1949. Quando da derrota do Japão em 1945, a península coreana foi dividida em duas zonas de ocupação separadas pelo  paralelo 38. A do norte, ficou sob controle soviético e a do sul protegida pelos EUA. As rivalidades entre os antigos aliados da Segunda Guerra, levaram à cristalização da divisão da península em dois Estados. O conflito entre as duas Coréias, iniciou-se em 1950, quando tropas do norte tentaram reunificar o país. Forças dos EUA e da ONU vieram em socorro da Coréia do Sul e, empurraram os nortistas até a fronteira com a China. Nesse momento, tropas de “voluntários” chineses, passaram a apoiar as forças  norte-coreanas e, fizeram recuar os norte americanos até as proximidades do paralelo 38. Em 1953, é assinado um armistício entre os países envolvidos no conflito, que confirmou as fronteiras anteriores a guerra.
Nas décadas seguintes, as tensões continuaram latentes mas, no início dos anos 90, começou a tomar corpo a idéia de reunificação. Isso foi o resultado direto das novas condições da política internacional. Os antigos aliados da Coréia do Norte (China e URSS) passaram por drásticas transformações resultantes do colapso do comunismo, ao mesmo  tempo que a Coréia Sul havia se consolidado como o mais ativo dos “tigres” asiáticos. Enquanto isso, a Coréia do Norte permanecia como a última herdeira de um comunismo agonizante.
Um conflito na região não interessa aparentemente a nenhum dos principais atores da geopolítica regional. Para a Rússia, é mais interessante que a Coréia do Norte pague a dívida financeira contraída durante a Guerra Fria; para o Japão, principal parceiro econômico da Coréia do Sul, a guerra não traria nenhum benefício. A China por sua vez, deverá optar entre a fidelidade incômoda a seu vizinho comunista e um estreitamento maior de suas relações com os EUA. Por fim, os EUA não gostariam de se envolver em mais um conflito mas, ao mesmo tempo não poderão permitir que países de pouca expressão no cenário mundial possam intimidar algum de seus aliados tradicionais. Por conta dessa teia de interesses, o futuro da Bacia do Pacífico poderá não ser tão pacífico.

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