terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Maio de 1968, 25 anos depois..E Desafia os Direitos Civis

A América ainda festejava a vitória na Guerra Fria quando a revolta de Los Angeles, em
Maio  de 1992, mostrou que a miséria e a tensão racial criam uma situação de conflito
latente no país. Mais dramático, não há lideres negros com o carisma do pastor Martin Luther
King assassinado em 1968, ao passo que o radical Malcon X foi transformado em sucesso de bilheteria, usado para vender camisetas e produtos de  consumo .
Contra a Constituição, prática discriminatória transforma americanos negros e hispânicos em cidadãos de segunda classe.
ESTADOS UNIDOS
Contra a Constituição, prática discriminatória transforma americanos negros e hispânicos em cidadãos de segunda classe.
Para conter a revolta de Los Angeles, de 29 de abril a 2 de maio de 1992, o governo americano mobilizou 14 mil soldados, mais do que para invadir o Panamá (dezembro de 1989). A revolta foi causada por um veredicto que inocentava quatro policiais brancos que, um ano antes, haviam espancado um motorista negro, Rodney King, que dirigia em alta velocidade. A cena, filmada por um amador, foi transmitida pela TV.
A revolta causou 50 mortes, dezenas de feridos e 12 mil prisões, mas foi só a parte mais visível do drama que milhões de negros e hispânicos sofrem no país, graças à segregação racial. Dados oficiais indicavam que, em 1991, o índice de pobreza entre negros americanos chegava a 33%, o triplo do verificado entre brancos (11%) e próximo ao de hispânicos (29%). Mas o racismo não é visível só nos dados econômicos. Segundo a Anistia Internacional (Informe de 1991), a chance de um assassino ser condenado à morte é 82% maior se a vítima for branca ou se o suposto criminoso for negro.
A tensão racial agravou-se nos anos 80, por uma razão bastante precisa. A luta pelos direitos civis ganhara um  grande impulso em 28 de agosto de 1963, quando 200 mil pessoas fizeram uma marcha em Washington, liderada por Luther King. Em 1964, o presidente democrata Lyndon Johnson lançou o programa Grande Sociedade contra a pobreza. Em 1968, combinaram-se as ações contra a Guerra do Vietnã e pelos direitos civis. O assassinato de King, em 4 de abril daquele ano, gerou uma onda de violência que reforçava a convicção sobre a necessidade de programas contra a pobreza. Mas nos anos 80, os presidentes neoliberais Ronald Reagan e George Bush cortaram os gastos federais com serviços sociais e públicos. O principal impacto foi sobre os pobres, de maioria negra e hispânica. Los Angeles foi o apito da panela de pressão.
Serviço
Filmes (recentes e/ou em vídeo):
Faça a Coisa Certa, Mais e Melhores Blues e
Malcom X, de Spike Lee, EUA
Livros:
Os Ciclos da História Americana, Arthur Schlesinger Jr., Civilização Brasileira, Rio, 92.
Breve História dos Estados Unidos, Allan Nevins e Henry Steele, Alfa Omega,SP, 86.
A Outra América – Auge, Decadência e Crise nos Estados Unidos, José Arbex Jr., Moderna,
SP, 93 (no prelo)
África do Sul
voto  continua sendo um privilégio da minoria branca
Há quinze meses, no dia 17 de março de 1992, um plebiscito organizado pelo governo da África do Sul, restrito ao eleitorado branco, assestou um golpe letal no segregacionismo. Quase 70% votaram pelo fim do apartheid, apoiando o presidente Frederik De Klerk e seu Partido Nacional Africano (CNA) Chris Hani, deflagrando nova onda de violência.
Entre esses dois momentos, a esperança de uma transição pacífica rumo ‘a democracia foi golpeada pelo crescimento da tensão racial e étnica, enquanto patinavam as negociações entre o governo e o CNA. A expectativa de convocações de eleições gerais, baseadas no voto universal, foi adiada para 94. O conflito entre CNA e o Inkhata (grupo étnico apoiado na população zulu), estimulado por milícias paramilitares brancas, mantém violência nos subúrbios negros. As negociações com o governo esbarram na falta de acordo sobre a futura divisão do poder no país.
O apartheid, estabelecido a partir de 48, visava perpetuar a África do Sul branca, contra a maioria de 25 milhões de negros (para 6,6 milhões de brancos e 4,7 milhões de mestiços e asiáticos).
Nos anos 70, foram criados bantustões independentes, reservas etno-tribais, transformadas em micro- Estados e declaradas soberanas pelo governo visando desnacionalizar a maioria negra .A liquidação do apartheid – fruto da nova realidade mundial e do espectro da guerra racial – começou com a chegada ao poder de De Klerk, em 1989. O novo governo optou pelo desmantelamento gradual do segregacionismo, e negociar uma partilha do poder capaz de preservar privilégios dos brancos. Um dos pilares dessa política é a divisão dos negros.
Um abismo continua a separar o governo e o CNA. Os líderes negros exigem a aplicação do princípio um homem, um voto – o que resultaria na formação de um governo da maioria negra. Esse princípio democrático continua a ser rejeitado pelos brancos.

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