quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Narcotráfico Cria Estado dentro do Estado e Muda o Jogo do Poder

Máfias da droga controlam regiões da Amazônia Internacional (principal produtora de coca), onde criam suas próprias leis e exércitos. Corrompem políticos e policiais, compram comércios e indústrias. Washington, a pretexto de combater a droga, ocupa a Amazônia com  seus marines.
Nas últimas semanas, o noticiário foi invadido por imagens da guerra entre polícia e narcotraficantes nas favelas do Rio. Seu arsenal, melhor que o da polícia, inclui fuzis israelenses, pistolas americanas e armas do Exército. São grupos estruturados e muito ricos. O narcotráfico mundial movimenta US$ 500 bilhões anuais (cinco dívidas brasileiras), mais do que o gerado pelo petróleo, e envolve a cúpula dos países onde se instala (no Brasil, investiga-se a conexão do narcotráfico com o “esquema PC”).
A pretexto de combater o tráfico, Washington invadiu o Panamá, em dezembro de 1989, e mantém sua base militar na Zona do Canal, contrariando um acordo que previa sua retirada em 1990.
Além disso, vem enviando marines à Amazônia Internacional, uma área de 7 milhões de km dos quais 4,7 milhões pertencem ao Brasil, e quer criar uma “força multinacional” de guerra ao tráfico, obviamente dirigida por americanos. Isso coloca em questão a soberania nacional, fato que vem sendo debatido na cúpula militar do Brasil. Quem controla a Amazônia Internacional? Esta talvez seja uma questão fundamental do século 21.
COLÔMBIA - O PAÍS DOS CARTÉIS
Em nenhum outro país é tão visível a presença e o poder do narcotráfico. Na Colômbia estão os grandes laboratórios de processamento da pasta de folha de coca, da qual se extrai a cocaína. Os cartéis (grupos mafiosos) com sede nas cidades de Cali e Medellín, que controlam o comércio da cocaína no mundo, dominam grande parte do comércio, da indústria e da vida política colombiana. Elegem, depõem e assassinam políticos e juízes. Por pressão de Washington, o governo declarou “guerra” ao narcotráfico, levando o país à guerra civil.
Bem armados e situados em regiões inóspitas da selva, os traficantes contam também com o apoio de grupos guerrilheiros (como era o caso do M-19, hoje incorporado ao Parlamento), que precisam dos narcodólares para sobreviver, e como o apoio de setores sociais que alimentam sentimentos antiimperialistas.
Um exemplo do poder das narcomáfias foi dado pelo chefão do Cartel de Medellín, Pablo Escobar. Por razões poucas claras, Escobar rendeu-se à polícia, em junho de 1991. Mas, para se entregar, Escobar exigiu – e obteve – que fosse mudada a própria Constituição do país, que previa a possibilidade de extradição de narcotraficantes para os EUA. Além disso, ficou “preso” em sua própria mansão (sua fortuna pessoal é avaliada em US$ 3 bilhões), de onde fugiu, em julho de 1992, quando o governo tentou transferi - lo a uma quartel.
PERU - DITADURA, GUERRILHA E TRÁFICO
Em abril de 1992, o presidente Alberto Fujimori, apoiado pelas Forças Armadas, dissolveu o Congresso e suspendeu todas as garantias democráticas. Era o auto golpe, cujo pretexto era o combate ao narcotráfico, à corrupção e ao grupo guerrilheiro maoísta Sendero Luminoso. O Peru é o principal produtor de folha de coca, planta muito utilizada como alimento e medicina pelas populações indígenas. Os traficantes peruanos vendem a folha de coca aos laboratório da Colômbia.
Os narcodólares criaram uma situação de desmoralização do Exército, já que seus oficiais eram facilmente comprados (mesmo os salários do alto oficialato eram baixos, inferiores a US$ 200, o que tornava a corrupção muito atraente).
Além disso, há vários indícios de que o Sendero mantinha uma aliança com os narcotraficantes (nada disso justifica, é óbvio, o golpe de Fujimori).
O sendero nasceu em 1970, como fração (dissidência) do Partido Comunista do Peru. Era formado, principalmente, por professores e estudantes da Universidade de Ayacucho (situada nos Andes) e passou a recrutar no meio rural. isolado e violento, o Sendero não tinha outra fonte de renda, além do narcotráfico, que lhe permitisse, por exemplo, comprar armas. Em setembro de 1992, foram presos os seus dirigentes máximos, entre os quais Abimael Guzmán. Não houve qualquer reação expressiva por parte da população, o que demonstra o isolamento do grupo.
Serviço
• Narcotráfico - Um jogo de poder nas Américas, José Arbex Jr., Moderna, SP, 1993
• Camelot - Uma Guerra Americana, Newton Carlos, Objetiva, Rio, 1991
• O Império Subterrâneo, James Mills, Best Seller, SP, 1986
• O Desfio Amazônico, Samuel Murgel  FONTE Narcotráfico Um jogo do poder nas Américas, José Arbex Jr., pg. 13, Ed. Moderna

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