Em dezembro de 1992, fanáticos hindus invadiram a cidade de Ayodhya, no norte da Índia e, demoliram uma mesquita mulçumana. Desde então explodiram conflitos entre fanáticos e forças policiais, que causaram mais de 2000 mortes. Em março, uma série de atentados à bomba em Bombaim, o centro financeiro do país, causaram 200 mortes e mais de 1000 feridos. Embora nenhum grupo tenha assumido a autoria
dos atentados, políticos hindus sugeriram que eles teriam sido executados por mulçumanos “monitorados do exterior” (entenda-se o Paquistão). Dos 850 milhões de habitantes da Índia, cerca de 83% são hinduístas, enquanto os mulçumanos chegam a 100 milhões.
Os fatos descritos acima fizeram crescer os temores de um novo confronto militar entre Índia e Paquistão, onde a imensa maioria da população é mulçumana. A rivalidade entre os dois países é antiga e remonta à época de suas independências, em 1947. Desde esta data, os dois países se envolveram em três conflitos (1948,65 e71). Nos dois primeiros disputava-se a região da Cashemira : em 71, o conflito resultou na
separação do antigo Paquistão Oriental, que deu origem a um novo país, Bangladesh.
A rivalidade entre hindus e mulçumanos é só um aspecto dos surtos de violência étnica e religiosa
que, periodicamente, explodem na Índia. Em 1984, a primeira-ministra Indira Ghandi foi morta por
dois de seus guardas que eram de origem sikh. Os sikhs correspondem a apenas 2% da população
da Índia, mas perfazem mais de 90% da população da região de Punjab, no noroeste do país .
Desde há muito eles lutam para a criação de um país próprio, o Calistão. A violenta repressão do governo hindu contra os anseios de liberdade dos sikhs teriam sido a causa do assassinato de Indira.
Nos últimos 5 anos, uma nova força política surgiu na Índia. O Bharatiya Janata “fundamentalismo” hinduísta, vem crescendo de forma espetacular a cada nova eleição. Ele surgiu para se contrapor
ao Partido do Congresso, no poder desde a independência e, que defende a neutralidade do Estado perante às religiões professadas na Índia. O crescimento do BJP foi também uma espécie de resposta ao aumento do fervor islâmico nos países vizinhos.
O BJP esteve à frente dos fanáticos de Ayodhya e, se seu discurso radical continuar arregimentando mais adeptos,o sub-continente indiano poderá se transformar num dos maiores campos de batalha entre o secularismo e o fundamentalismo. Quadro nada tranqüilo para um país com arsenal nuclear.
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