Newton Carlos
Desde 1997, agrupados em seus centros de estudos, como o Project for a New American Century (Pnac), os neoconservadores que cercam George Bush já encaravam a China como um novo alvo principal. Dos 25 fundadores do Pnac, 40% estão ou estiveram no governo Bush, entre eles o vice-presidente Dick Cheney e Donald Rumsfeld, secretário de Defesa. O próprio Bush declarou, quando candidato a um primeiro mandato, que a China é “inimigo e não parceiro estratégico”.
Aaron Friedberg, egresso do Pnac, recomenda o deslocamento de tropas estacionadas na Europa para o Pacífico.O establishment militar americano faz coro. O Asian-Pacific Center for Security Studies, do Exército, publicou artigo avaliando que “antes do 11 de setembro [dia dos atentados em Nova York, em 2001] se encaminhavam para um confronto” as relações entre os dois países. As projeções estratégicas do Pnac pareciam cumprir o roteiro original. Bush e seus falcões se serviram de um incidente anterior ao 11 de setembro – a apreensão pelos chineses de um avião-espião dos Estados Unidos – para colocar em campo impulsos de confronto. Mais recentemente, com Bush atolado no Iraque, a “ameaça chinesa” vai preenchendo uma agenda de atritos sempre maior.
A influência da China “aumenta na América Latina”, constata o Institute for Policy Studies, de Washington. O Army War College publicou estudo sobre “as implicações na segurança nacional dos Estados Unidos do envolvimento chinês na América Latina”. Um alto funcionário da embaixada americana em Pequim confidenciou a um empresário visitante que os líderes chineses “vêem os Estados Unidos como um super poder em declínio, cujo tempo passou”.
E que, do ponto de vista chinês, os americanos “serão obrigados a dividir o poder com outras nações poderosas, especialmente a China”. Para mostrar como a posição estratégica da China mudou nas duas últimas décadas, o diplomata citou o fato de que ela “não só capturou o mercado consumidor americano, como invadiu a América Latina”.
Um colunista do jornal Miami Herald, Andrés Oppenheimer, sempre empenhado em alertar Washington, observou que no ano passado o presidente chinês esteve mais tempo na América Latina do que Bush. No final de 2004, a China ofereceu a países latino-americanos mais de US$ 50 bilhões em investimentos e créditos.
No Congresso brasileiro, o presidente Hu Jintao anunciou investimentos na América Latina de US$ 100 bilhões, nos próximos dez anos.
A questão-chave é o petróleo. A China já é o segundo maior consumidor mundial e a CIA calcula que ela terá agrupados em seus centros de estudos, como o Project for a New American Century (Pnac), os neoconservadores que cercam George Bush já encaravam a China como um novo alvo principal. Dos 25 fundadores do Pnac, 40% estão ou estiveram no governo Bush, entre eles o vice-presidente Dick Cheney e Donald Rumsfeld, secretário de Defesa. O próprio Bush declarou, quando candidato a um primeiro mandato, que a China é “inimigo e não parceiro estratégico”.
Aaron Friedberg, egresso do Pnac, recomenda o deslocamento de tropas estacionadas na Europa para o Pacífico.
O establishment militar americano faz coro. O Asian-Pacific Center for Security Studies, do Exército, publicou artigo avaliando que “antes do 11 de setembro [dia dos atentados em Nova York, em 2001] se encaminhavam para um confronto” as relações entre os dois países. As projeções estratégicas do Pnac pareciam cumprir o roteiro original. Bush e seus falcões se serviram de um incidente anterior ao 11 de setembro – a apreensão pelos chineses de um avião-espião dos Estados Unidos – para colocar em campo impulsos de confronto. Mais recentemente, com Bush atolado no Iraque, a “ameaça chinesa” vai preenchendo uma agenda de atritos sempre maior.
A influência da China “aumenta na América Latina”, constata o Institute for Policy Studies, de Washington. O Army War College publicou estudo sobre “as implicações na segurança nacional dos Estados Unidos do envolvimento chinês na América Latina”. Um alto funcionário da embaixada americana em Pequim confidenciou a um empresário visitante que os líderes chineses “vêem os Estados Unidos como um super poder em declínio, cujo tempo passou”.
E que, do ponto de vista chinês, os americanos “serão obrigados a dividir o poder com outras nações poderosas, especialmente a China”. Para mostrar como a posição estratégica da China mudou nas duas últimas décadas, o diplomata citou o fato de que ela “não só capturou o mercado consumidor americano, como invadiu a América Latina”.
Um colunista do jornal Miami Herald, Andrés Oppenheimer, sempre empenhado em alertar Washington, observou que no ano passado o presidente chinês esteve mais tempo na América Latina do que Bush. No final de 2004, a China ofereceu a países latino-americanos mais de US$ 50 bilhões em investimentos e créditos.
No Congresso brasileiro, o presidente Hu Jintao anunciou investimentos na América Latina de US$ 100 bilhões, nos próximos dez anos.
A questão-chave é o petróleo. A China já é o segundo maior consumidor mundial e a CIA calcula que ela terá de importar a metade de suas necessidades, em acelerado crescimento. Outros falam em três quartos. Estudos recentes indicam que, em breve, os Estados Unidos, o maior consumidor, dependerão em 64% de fontes externas.
Aí está o cenário de um possível duelo de vida ou morte.
Os acordos de gás e petróleo com Brasil e Venezuela são objetos de atenção especial. O jornal El Nuevo Heraldo, de Miami, garantiu que existe um “plano secreto” acertado entre China e Venezuela: em caso de conflito sério de Hugo Chávez com os Estados Unidos, a China absorveria um milhão de barris diários de petróleo venezuelano.
Ela já opera dois campos na Venezuela e começa a desenvolver mais um. Está em investidas que envolvem todos os quadrantes da Terra para estabelecer controles sobre fontes energéticas vitais. Atua na África sem os constrangimentos envolvendo violações dos direitos humanos, dor de cabeça de empresas ocidentais vigiadas por toda sorte de ONGs. O apoio ao Sudão e ao Irã, em desavenças com o Ocidente, está vinculado a petróleo.
Paralela à diplomacia tradicional, Pequim montou uma diplomacia petrolífera, tocada por um “frenesi de investimentos”, segundo um especialista. O lance mais ambicioso foi a tentativa de assumir o controle da empresa petrolífera americana Unocal. Com os cofres em Pequim cheios de bônus do Tesouro americano que valem cerca de US$ 200 bilhões, a semi-estatal China National Offshore Oil Company (Cnooc), ofereceu um preço maior do que a Chevron americana e garantiu que nenhum empregado seria demitido. Além disso, nem uma gota de petróleo ou gás sairia dos Estados Unidos para a China pois o interesse era pelas reservas externas da Unocal. O caso provocou pânico em Wahington: “os chineses estão chegando!”. No fim, o livre mercado foi às favas e a empresa em leilão acabou indo para as mãos da Chevron. Prevaleceu o conteúdo político da disputa.
O campo militar não poderia ficar imune. O relatório anual do Pentágono sobre a situação das forças armadas chinesas foi um alerta contra “a capacidade bélica crescente da China”. Pequim já administra o terceiro maior orçamento militar do universo, só atrás do americano e do russo. O “ritmo inesperado do reforço do potencial militar chinês ameaça Taiwan e coloca em questão o equilíbrio das forças regionais”, avalia o Pentágono.
A China, segundo o relatório, tem 700 aviões em condições de atingir Taiwan sem reabastecimento e aumentou em pelo menos 150 os foguetes apontados para a ilha sob proteção americana. Eram 500 em 2004. Os chineses reagiram com dureza aos “ataques injustificados”.
Alegam que há interesses de “certos grupos” em Washington em difundir a “teoria da ameaça chinesa”. A 15 de julho, um general chinês, responsável pela universidade da Defesa Nacional, não “excluiu” a possibilidade de a China dar “um primeiro disparo nuclear” contra os Estados Unidos, se seus interesses em relação a Taiwan estiverem ameaçados. O parlamento chinês aprovou resolução autorizando o emprego de meios “não pacíficos” caso Taiwan, “província rebelde”, ceda a impulsos nacionalistas e se declare independente. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, tratou de dizer que não haverá “ato unilateral” em Taiwan e o Departamento de Estado chamou o general chinês de irresponsável.
Boletim Mundo n° 5 Ano 13
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